sexta-feira, 3 de outubro de 2008




Às vezes me pego parada pensando em tudo que tenho ou naquilo que imagino ter. É impressionante como a vida nos dá tudo na hora certa, no momento exato em que sem determinada coisa não conseguiríamos mais viver. Comigo foi assim, chegou uma época em minha vida em que me vi completamente desamparada... Longe da minha cidade, da minha casa, dos meus pais, minha família, meus amigos...

Vi meu mundo desmoronar e o pior, eu tinha buscado tudo isso e ficava me perguntando: Como posso ficar dizendo que to realizando um sonho se me sinto tão triste? Como posso estar realizada nesse lugar se minha maior vontade é voltar?

Meus dias eram os mais longos e minha semana era uma dolorosa espera pela sexta-feira, quando finalmente eu ia pra casa...

O Tempo foi passando e como dizem fui me acostumando a sofrer e já não sentia mais tanta falta de casa como antes, as pessoas ao meu redor eram extremamente solidárias a minha dor e entendiam sempre que eu precisava de um tempo pra mim.

Passaram-se os primeiros seis meses e chegaram às primeiras férias, qual não foi minha surpresa... Eu estava em casa, com todos aqueles que me amam supostamente feliz, mas me faltava algo, todas as noites quando eu ia dormir sentia que um pedaço de mim não estava ali naquele momento. As sensações eram estranhas, pois aparentemente aqueles eram meus melhores dias, mas eu não quis complexificar nada naquele instante, só queria viver minhas férias intensamente e o resto eu resolveria depois.

Os dias se passaram e aquela ausência de algo que eu não entendia me angustiava cada vez mais, fiquei incomodada com a situação e pensei em mil e uma coisas, em várias pessoas, mas nada que eu pensasse compensaria aquela falta.

Era como se eu sentisse falta de algo que nunca tive, pois jamais poderia supor que algo ou alguém fosse preencher aquele vazio, o tempo foi passando e as férias chegaram ao fim. Junto com o fim das férias o dilema de voltar pra minha nova vida e continuar sofrendo com a falta que essa vida “antiga” me fazia, confesso que cheguei a pensar em não voltar, me sentia tão protegida, mas a vontade de viver coisas novas era maior...

Pronto decidido, voltei, a coisa mais interessante dessa volta foi que aquele vazio, aquele que me angustiou durante as férias inteira estava se dissolvendo, foi ficando cada vez mais distante a idéia de vazio, até que me senti completa novamente.

Pensei, pensei, pensei e fiquei com medo do turbilhão de emoções que estava vivendo, voltaram as preocupações, as obrigações, a correria e comecei a pensar que essa vida corrida tinha me completado novamente, no entanto sentia algo estranho, sentia como se o que tivesse me completado não fosse esse turbilhão de obrigações, era como se fosse bem mais forte, era bemmm mais forte...

Os dias foram passando e comecei a observar tudo e todos a minha volta procurava em cada rosto, em cada gesto aquele meu complemento que me fazia tão bem. Durante algum tempo procurei nos lugares e nas pessoas erradas e continuava me frustrando a cada tentativa de atribuir aquela sensação a algo ou alguém.

Decidi em determinado momento parar de procurar, resolvi viver intensamente aquela emoção, aquela sensação que me era tão intima, que me fazia tão bem...

Um dia estava me sentindo muito mal, me senti a última das pessoas, quis desistir e voltar pra junto dos que me amavam, por um instante decidi isso em minha vida, pensei, pensei e decidi: HORA DE VOLTAR PRA CASA, chega de buscar felicidade na “in”felicidade; sai da faculdade e caminhei em direção a minha decisão, vim o caminho inteiro pensando, Meu Deus lutei tanto pra conseguir tudo, mas minha decisão estava tomada, tinha chegado a hora de parar. Do jeito que estava nada nem ninguém me faria mudar de opinião, isso era o que eu pensava... Cheguei em casa e daria tudo pra ninguém me dizer se quer uma palavra, não queria ver nem ouvir nada que me fizesse pensar, tudo estava decidido, qual não foi minha surpresa...

Ao entrar em casa encontrei um olhar, fui recebida com um olhar que já me acompanhava há algum tempo, mas que sempre tinha passado despercebido, porém naquele momento ele fez toda, a maior das diferenças.

Esse olhar penetrou em meu ser e me fez repensar tudo, tudo que já estava decidido e naquele momento tive a certeza, naquele momento tive novamente aquela sensação de estar completa e ai tudo se tornou muito claro pra mim, aquela sensação que a tanto tempo descrevo, aquele meu complemento que eu busquei durante tanto tempo, tanto que me fez cessar a busca, estava ali, sempre esteve ali do meu lado. Mas meu orgulho não me deixava enxergar, eu via, no entanto não enxergava, eu não poderia permitir que alguém me conhecesse tão bem, não poderia permitir que alguém pudesse observar o que me era tão intimo. O que não lembrei é que nesses casos, em casos de amor de verdade entende? Nesses casos não é necessário que se permita nada, ninguém pede permissão para amar e assim aconteceu, esse olhar me fez enxergar que as coisas não eram bem assim, eu não podia simplesmente desistir, me fez enxergar, de forma dolorosa admito, que eu não podia desistir na primeira dificuldade, me fez perceber que tudo aquilo era um capricho meu, me disse: Nãooo, você não vai embora, você não vai desistir, não entendeu Adliany?

Aquelas palavras ficaram batucando em minha cabeça e em questão de segundos minha decisão já não estava mais tão acertada.

Me vi sem chão, sem nenhuma referência e ao mesmo tempo me vi no momento mais sublime dessa minha conturbada vida nova.

E ali estava tudo tão claro, como pude ficar durante tanto tempo em dúvida? Como passei tanto tempo sem perceber aquele olhar, aquele apoio? Me sentia mal por não ter percebido tudo isso antes, no entanto me sentia muito bem, extremamente feliz, pois descobri no momento de maior dúvida, no momento em que mais precisei.

Desse dia em diante nada, vocês entendem o poder dessa palavra? NADA é capaz de me fazer desistir, sigo meu caminho sempre com esse olhar, sempre com esse apoio e hoje à volta pra casa é o momento mais feliz do meu dia, o encontro com esse olhar me faz renovar minhas forças, sempre me estimulando, sempre me incentivando a continuar, e me dizendo que as quedas, as derrotas nos fazem bemm mais fortes.

Hoje posso dizer com todas as letras, Amo esse olhar com todas as minhas forças, não suportaria de forma alguma viver sem ele e fico pensando: Como será minha vida sem ele? Nãooooo, não quero pensar na possibilidade de viver sem esse olhar, quero adiar o quanto possível esse sofrimento...

Vou vivendo minha vida agora com esse olhar, com essa pessoa que Adriana Calcanhoto descreve tão bem, é como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora, alguém que eu sei que em qualquer situação, independente de qualquer coisa, mesmo que pra isso ELA tenha que sofrer, ela vai lutar por mim, vai ficar junto a mim incondicionalmente, pois o amor construído, a confiança que é conquistada são pra sempre.

Hoje digo com todas as letras, não foi fácil, não somos pessoas de temperamento mediano, mas é com muito orgulho e extrema felicidade que te digo amiga, você cativou o que existe de melhor em mim e pra sempre, da forma mais singela possível TE AMO!

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa qe mensagem linda sz '